Entrevista: na cama com Chris Shiflett

Por Chris Schulz 

Estamos no meio da tarde e ainda há um Foo Fighter na cama. Há uma razão muito boa para Chris Shiflett estar deitado – e não tem nada a ver com os excessos de estrela do rock.

“Eu estou deitado na minha cama agora”, o guitarrista admite timidamente no telefone de sua casa em Los Angeles. “Eu não quero te dar a impressão errada… minha casa tem aquela coisa onde o telefone não funciona nos lugares que você normalmente faz entrevistas, de modo que este é o melhor local para atendê-lo”.

Ninguém culparia Shiflett por estar descansado um pouco. O guitarrista do Foo Fighters acaba de retornar de uma série de shows de estádios em toda a América do Sul, o início da maior turnê mundial até agora para os companheiros de Dave Grohl. É uma agenda exigente que coloca o quinteto na estrada ao longo de 2015 e do próximo ano, e vem logo após as sessões extenuantes de seu mais recente álbum, Sonic Highways. Eles se estabeleceram em oito diferentes cidades americanas, ficando apenas uma semana para gravar uma música – e apenas uma noite para Grohl escrever a letra – antes de passar para a próxima. Como pressão adicional, eles filmaram, ao mesmo tempo, um documentário de oito partes para a HBO.

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Neste momento, os Foos estão na Nova Zelândia: na noite de ontem, deram o pontapé inicial na sua turnê de dois shows no país em Christchurch; no sábado, tocam no Mt Smart Stadium, em Auckland. Havia um show programado para sexta-feira, em prol beneficente, porém o mesmo foi cancelado devido a um acidente com o caminhão de equipamentos.

Se Shiflett está preocupado com as exigências de ser o guitarrista de uma das maiores bandas do mundo, ele não demonstra isso. Na verdade, ele afirma que o Foo Fighters está fazendo os melhores shows de sua carreira – e estão sendo recompensados por seus fãs. “Tivemos as coisas mais estranhas acontecendo na América do Sul. Em todos os anos que fui da banda, nunca vi algo assim acontecer antes. Os fãs organizaram estes pequenos momentos especiais. Eu não sei como eles fizeram isso, mas quando tocamos “Learn to Fly”, milhares de pessoas jogaram aviões de papel para o ar. Houve esse momento específico onde os fãs jogaram confete pro ar também (referindo-se ao flash mob que fizemos em “The Pretender!”). Em um show, nós subimos ao palco e eles tinham organizado as cores da bandeira colombiana em balões”, diz ele. “Foi muito louco. Quando você faz esses grandes shows e algo assim acontece, é muito poderoso. É tipo, ‘Uau, é um monte de gente fazendo isso por conta própria, tornando-se uma parte do show’”.

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Foto por Camila Cara

Como parte da turnê Sonic Highways, os Foos farão alguns de seus maiores shows – incluindo dois esgotados no Wembley Stadium, em Londres, com capacidade para 80 mil pessoas. É o suficiente para fazer qualquer um tremer, mas Chris diz que não sofre com isso.

“Me dá uma adrenalina, é um chute. Isso não me deixa nervoso, porque as pessoas estão longe. Como músico, você tem que tocar muito bem e muito forte para que essa barreira de som chegue nas pessoas. A não ser que os holofotes estejam sobre você e você caia de cara no chão, ninguém vai ouvir os erros”, diz ele.

Mas tome nota: se ele errar um acorde, Shiflett diz que provavelmente vai acontecer durante as novas canções de Sonic Highways, e eles estão tocando quatro ou cinco delas no show. Isso depende do que Grohl quer quando ele escolhe o setlist.

“Se ele é um ditador, então ele é um ditador diplomático. Ele é bom no que faz. Ele escreve o setlist todas as noites, faz o show ir de cima para baixo, de um lado para o outro, e isso funciona. As minhas sempre favoritas são as mais óbvias: “Everlong” é ótima sempre, nós geralmente fechamos o show com ela e é um bom momento de conexão com a plateia; e “All My Life”, às vezes a gente abre com ela, mas, para ser honesto, eu não gosto disso. Eu gosto quando há uma calmaria no set e nós entramos com o riff”.

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É provável que esteja entre os destaques no show de Auckland este final de semana. Cerca de 30.000 pessoas são esperadas no Mt Smart Stadium, e por volta de 2.350 eram esperadas no show secreto no Town Hall, que foi cancelado. O show era tão secreto, que a TimeOut não foi autorizada a perguntar sobre ele a Shiflett, mas quanto a se os Foos podem superar seu último show aqui em Western Springs em 2011, quando a atividade da multidão resultou até em um pequeno terremoto, Shiflett diz que é “muita coisa para se esperar”.

“Eu não quero revelar nenhuma surpresa, mas o show, definitivamente, evoluiu desde então. Toda vez que você faz um novo disco, você acaba colocando mais músicas no setlist. Fica um pouco mais longo e as coisas mudam… o show está ótimo, é um show bem longo, com um monte de músicas. Espero que as pessoas fiquem felizes”.

Fonte: The New Zealand Herald
Tradução: Stephanie Hahne