Dave Grohl segue as “estradas sônicas” de volta para Washington D.C. no segundo episódio de Sonic Highways

Photo: Andrew Stuart

Foto: Andrew Stuart

Dave Grohl compartilha um pouco sobre o segundo episódio de Sonic Highways e conta do orgulho que sente de sua cidade natal.

Dave Grohl. Superstar viajante queridinho? Preservador de estúdios old-school? Diplomata do rock ‘n roll do século 21?

Ele é todas essas coisas em “Sonic Highways”, uma nova série/documentário da HBO que segue o rock star de 45 anos de idade e seus Foo Fighters, enquanto atravessam as artérias de asfalto da América, gravando seu novo álbum. Oito canções, oito estúdios, oito cidades diferentes. Ao longo do caminho, Grohl encontra tempo para entrevistar os músicos, produtores, ícones e entusiastas que fizeram estas cidades cantarem – e depois ainda gravar uma música com o Foo Fighters sobre o que ele aprendeu.

O segundo episódio de “Sonic Highways” vai ao ar na noite de sexta-feira (24), e centra-se em Washington, D.C., uma cidade cuja herança musical muitas vezes desafia a história engomada e diplomática. Grohl – um filho orgulhoso de Springfield, Virgínia – passa o episódio focando na maior parte na cena Go-Go local de Washington, assim como a cena punk rock hardcore, que se centrou nos anos 80 em torno do grupo ativista Positive Force, do estúdio Inner Ear e do selo independete do pioneiro do Ian MacKaye, Dischord Records.

Falamos recentemente com Grohl por telefone sobre os desafios do projeto “Sonic Highways” e da possibilidade remota do Foo Fighters ficar um pouco Go-Go.

 

 

Entre outras coisas, “Sonic Highways” prova que você está interessado em ser muito mais do que um cara em uma banda de rock. Você se vê como uma espécie de embaixador mundial para o rock ‘n roll neste momento?

Uh, não. [risos.] Isso seria pretensioso e egoísta e uma péssima maneira de me ver. Tudo o que eu faço, eu faço dentro desta organização relativamente pequena que é a família Foo Fighters. Estamos em nosso próprio selo. E fazemos discos em nosso estúdio. E às vezes nós fazemos os nossos próprios vídeos. Nós temos as ideias de todos os nossos projetos por conta própria. Temos aspirações e coisas que queremos realizar, mas é simples: eu amo música. Quero compartilhar música com as pessoas. E eu tenho os recursos para fazer algo como “Sonic Highways”. Então, para mim, é apenas um trabalho que faço com amor.

 

 

Como é que a sua visita a Washington se destacou do resto da viagem de “Sonic Highways”?

Uma das grandes coisas sobre o episódio de Washington, D.C., será colocar os holofotes sobre a cena Go-Go e a Dischord Records. Essas são coisas que nós superestimamos quando moramos em Washington, D.C. Mas se você viajar para fora da cidade, muita gente não sabe o que é Go-Go. Muita gente não conhece o Ian MacKaye ou a Dischord Records. Esses são os maiores exemplos do que eu estou tentando passar com esta série: a relevância regional da música e como um som específico vem de um lugar específico.

Lembro-me da primeira vez que viajei para fora de Washington, D.C., eu pensei que todo mundo conhecia Go-Go. E quando eu percebi que não, eu não conseguia entender o porquê. E a Dischord Records – nestes tempos, quando todo mundo tem acesso à independência, Ian MacKaye e Dischord Records são os melhores exemplos de como fazê-lo corretamente.

 

 

Você aprendeu alguma coisa durante as filmagens do episódio de D.C.?

Uma coisa que eu aprendi é que a “batida Go-Go de bolso” era algo que Chuck Brown tocara entre as músicas para que o público não fosse embora. Ele percebeu que quando você para de tocar a música, você perde a multidão. Então ele iria tocar essas músicas top 40, e entre elas, ele tocaria essa “batida de bolso”. E que ficou conhecido como a batida Go-Go. Muito legal.

 

 

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O que ficou pra trás na edição de corte do episódio?

Minha entrevista com Ian MacKaye teve quatro horas e meia de duração. Então, sim, muito ficou pra trás! Vai ser a maior crítica a esta série: nós não cobrimos o suficiente de cada cidade. Não há nenhuma maneira de contar a história da música de uma cidade em apenas uma hora. Portanto, temos de encontrar uma maneira de homenagear e honrar estes músicos, e seus antecedentes, e sua cidade – tudo ao mesmo tempo, tecendo uma jornada pessoal com a banda, escrevendo uma música que fará uma homenagem a essas pessoas. É difícil conseguir tudo isso em pouco tempo.

 

Este projeto homenageia um monte de grandes estúdios americanos. Mas esta não foi a sua primeira vez no Inner Ear, não é?

Eu tinha gravado no Inner Ear quando ele ainda estava no porão da casa de Don Zientara [proprietário e engenheiro]. Eu gravei lá com o Scream e me lembro de descer para aquele porão como se fosse o Abbey Road. “Oh meu deus, Rites of Spring gravaram aqui!”. Foi como solo sagrado para mim. E mais tarde, eu gravei na nova instalação quando estava no Nirvana – eu gravei algumas coisas lá com a minha irmã e uma daquelas músicas acabou no primeiro álbum de Foo Fighters. Mas foi legal ver o nosso baixista, Nate Mendel, andar pelos corredores e olhar para todos os álbuns que tinham sido feitos lá, percebendo que a trilha sonora de sua juventude está naquelas paredes.

 

 

Há um momento no episódio de D.C., onde você e Big Tony do Trouble Funk falam sobre uma colaboração. Será que o próximo álbum de Foo Fighters ser um álbum de Go-Go?

Nós conversamos sobre isso. E uma vez que os nossos horários alinharem e bater a vontade, eu tenho certeza que seria ótimo. Mas não resolvemos isso ainda. É uma questão de tempo. Estamos em rota de colisão com certeza.

  

Há também um momento na tela quando Taylor Hawkins diz que, já que você é de DC, isso meio que faz do Foo Fighters uma banda de D.C. Podemos afirmar isso oficialmente de você?

Eu nunca digo a ninguém que eu sou de algum lugar. Bem, eu digo às pessoas que sou de Virginia, por si só, e eles dizem “Virginia?”, e eu digo: “bem, Washington, D.C.” [risos.] Mas é uma grande parte de quem eu sou e eu não seria essa pessoa que sou se não fosse por aquele lugar e aquelas pessoas. Tenho orgulho de dizer isso. Tenho orgulho de ser um músico da área de Washington, D.C. Musicalmente, é muito mais rica e mais vital do que a maioria das pessoas jamais esperaria.

Fonte: WP

Tradução: Stephanie Hahne